quarta-feira, 13 de maio de 2009

A incerteza do mercado


A incerteza do mercado

(Do meu colega e professor, Alexandre Guimarães, brilhante investidor do mercado financeiro)



Nos últimos dias o mercado foi surpreendido com a exposição em operações em derivativos cambiais “exóticas” da Aracruz, empresa de papel e celulose, e da Sadia, empresa de alimentos. Depois da surpreendente revelação destas exposições de alto risco, ficou a dúvida: existirão outros casos? O mercado de ações que já sofria, com a crise iniciada com o estouro da bolha hipotecária americana, respondeu negativamente, intensificando as desvalorizações das nossas empresas.
O alívio - Nesta semana os maiores bancos brasileiros anteciparam a divulgação dos balanços trimestrais. O Bradesco mostrou que não possui exposição alguma nesse tipo de operação. O Unibanco mostrou que possuía apenas R$ 1 bilhão de perdas com operações em derivativos e o Itaú divulgou que suas operações com derivativos chegam a R$ 2,4 bilhões de perdas. Antecipando as divulgações de seus balanços, os bancos trouxeram um grande alívio ao mercado financeiro brasileiro.
As oportunidades da Bovespa - A crise chegou ao fundo do poço? Ninguém tem a resposta. Porém, o que posso afirmar, é que, depois de assistirmos a uma desvalorização do Ibovespa de mais de 53%, tenho a clara concepção de que existem várias ações com preços bastante atrativos. A questão é: está na hora de irmos às compras? Para aqueles que gostam do mercado acionário, e têm um horizonte de investimento de longo prazo, com certeza, esta é a hora de começar a aproveitar as “liquidações”. Na cabeça do investidor fica uma grande questão: os preços das ações poderão cair mais? Respondo – realmente existe a possibilidade de mais desvalorização, mas vamos raciocinar. Depois de uma queda de mais de 50%, a possibilidade de mais queda diminuiu e a de alta aumentou. Então acho que vale a pena correr o risco.
Oportunidades na renda fixa - Com a crise financeira internacional, também surgiram algumas oportunidades de investimentos em renda fixa, em que o investidor poderá garantir juros reais bastante atrativos. A dica é aproveitar as altas taxas de remuneração oferecidas, e investir em Certificados de Depósito Bancário (CDB) prefixados com vencimentos de, no mínimo, dois anos, para garantir uma alíquota de 15% de imposto de renda e maximizar a rentabilidade do seu investimento. Vale lembrar que as taxas oferecidas no mercado vão depender do banco e do volume a ser aplicado. Para aqueles que dispõem de recursos para aplicações em prazos menores, sugiro aplicar em operações atreladas ao índice do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).

DICAS
Com as grandes oscilações nos mercados financeiros, todo cuidado é pouco!
- tenha clareza sobre os seus objetivos e sobre o horizonte temporal de seus investimentos;
- controle suas emoções nos momentos de grande turbulência do mercado;
- se quiser trocar de aplicação, analise todos os detalhes, vantagens e desvantagens;
- não vá na onda dos outros, cada um tem um perfil de investimento próprio; e
- não ponha os ovos na mesma cesta, diversifique seus investimentos.
Bom investimento!

Alexandre Guimarães
Economista, sócio da AEG Investimentos e
presidente da Apimec-DF.